Dizer não, produtividade e futuro: quais conexões?

“Nós vamos morar no #futuro. Busque conhecer sua nova casa. Olhe mais pelo para-brisas e menos pelo retrovisor”. Essa frase que ouvi em um podcast é do Walter Longo, publicitário e escritor que admiro muito.

Essa reflexão me convidou à pensar sobre o quanto experimentar o desapego de crenças e hábitos obsoletos é desafiador. Contudo, uma iniciativa apropriada em um contexto de #adaptabilidade no qual vivemos. Uma dessas crenças pode ser a de que “vamos obter os mesmos resultados, fazendo as mesmas coisas”. E, um desses hábitos, pode ser o de que para sermos produtivos precisamos estar ocupados.

Esta última perspectiva está alinhada com o alerta de que estamos “coagidos a desempenhar” proposto pelo filósofo Byung-Chul Han. Aliás, a ideia de sociedade do desempenho e seus efeitos no indivíduo são bem representadas no thriller psicológico Cisne Negro – recomendo assistir. Pare e pense um pouco sobre essas provocações antes de seguir comigo.

“A coação de desempenho força o sujeito a produzir cada vez mais. Assim, jamais alcança um ponto de repouso da gratificação. Vive constantemente num sentimento de carência e de culpa.” B. C. Han

Como vimos, saber revisitar hábitos e crenças é essencial para poder crescer na carreira, manter sua saúde mental, para aumentar sua #produtividade e exercitar a perspectiva que comentamos no começo: olhar mais para o para-brisas e menos para o retrovisor. Nesse sentido, saber dizer “NÃO” mostra-se também como uma habilidade chave. Contudo, antes de seguirmos vale um alerta de um dos especialistas nesse tema: “O NÃO é a palavra que usamos para nos proteger e defender aquilo que é mais importante para nós. No entanto, dita da maneira errada, essa palavra pode deixar as pessoas irritadas e distanciá-las. Por isso, é fundamental dizer ‘não’ de maneira correta e eficaz.”

Ao longo de minha carreira corporativa e recrutando talentos como headhunter, constatei um padrão em profissionais de excelência acerca da habilidade de dizer não: sabiam praticar com elegância. Inspirado nessa vivência e laboratórios pessoais, aprendi algumas táticas que podem te inspirar a aperfeiçoar essa habilidade: ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

* PARE, REFLITA E ESCUTE SUAS EMOÇÕES – Liste crenças, pessoas ou situações que usualmente te impedem de dizer “não” e associe uma emoção (raiva, vergonha, medo de magoar, decepcionar ou do que podem pensar de você, etc) – ter essa clareza é o primeiro passo para analisar as razões dessas reações.Conforme William Ury, o maior obstáculo para se dizer não de modo bem-sucedido não é o outro, por mais difícil que ele seja, mas, sim, nós mesmos. É a nossa tendência totalmente humana de reagir – agir com intensa emoção, mas sem um propósito claro. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

* COMECE PEQUENO – Experimente esse hábito em pequenas situações do dia a dia (ex. não quero assistir a um filme hoje à noite pois prefiro ler um livro) – lembre-se que quanto mais você praticar nesses contextos maior será sua autoconfianca e, consequentemente, mais fácil será lidar com situações desafiadoras;⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

* ANALISE O PEDIDO – Analise o pedido e pense nas vantagens de dizer “não” ou o que te custará dizer “sim” – considere a possibilidade de pedir um tempo para analisar o pedido e informe que depois dará um retorno (combine um prazo para isso, ok?)⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

* APRESENTE ALTERNATIVAS – Depois de entender a real necessidade do outro mediante um pedido e avaliar que não será oportuno assumir a responsabilidade, diga “Não poderei te apoiar com X, mas já pensou nas alternativas A e B ?”. Desse modo estará contribuindo de algum modo para a resolução da situação.⠀

E a resposta do título, afinal? Entendo que dizer ‘não’ nos traz clareza e facilita colocar foco no que realmente interessa para nossa melhor produtividade. Com isso, poderemos nos desapegar de verdades que embaçam nosso potencial para se adaptar e, consequentemente, inovar. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Reforço que essa não é uma fórmula mágica. Porém, pode te inspirar a elaborar o seu próprio método para dizer ‘sim’ para aquilo que realmente importa: nossas necessidades, crenças e prioridades. Para o que vai dizer NÃO, afinal?